Safra - Brasil com carga total na safra 2009/10 de soja e milho
Data:
24/11/2009
As apostas foram definidas, e agora a produção só depende do clima. A agricultura brasileira remanejou espaços e tem potencial para superar recordes de 2007/08. Ao final da primeira etapa do levantamento de campo, a Expedição Safra RPC estima que a soja cobre 22,84 milhões de hectares, área 5% maior que a do ciclo passado e sem precendentes no país. O potencial é para 64,64 milhões de toneladas, o maior volume já alcançado nesta cultura.
O milho de verão cobre 8,16 milhões de hectares, área 5% menor que a de um ano atrás, mas pode render 32,96 milhões de toneladas. Considerando uma provável produção de 19,63 milhões de toneladas na 2ª safra, o país pode chegar a 52,59 milhões de toneladas de milho, o segundo maior resultado da história, superado apenas em 2007/08.
As duas culturas, que representam 80% da produção nacional de grãos, devem chegar a 36 milhões de hectares e a 117,22 milhões de toneladas, prevê a Expedição. Durante a sondagem do plantio, técnicos e jornalistas percorreram 21,4 mil quilômetros em 12 estados, do Rio Grande do Sul ao Maranhão, nova fronteira agrícola do país.
As previsões são de produtividade 6,9% melhor na soja e 11,7% melhor no milho, índices que se sustentam não só na expectativa de um clima melhor, mas também na redução dos custos de produção, principalmente dos fertilizantes, que está permitindo maior investimento em tecnologia. Com área e produtividade maior, a produção da soja tende a crescer 12,3% nesta safra, na comparação com os números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) do ano passado. O milho terá produção 1,88% menor. O incremento de 11,7% na produtividade será quase suficiente para compensar a redução de 12,1% na área de cultivo.
Se o clima colaborar e o desempenho da produção brasileira confirmar as tendências apontadas pela Expedição Safra, o país pode retomar o crescimento interrompido no ciclo anterior e perseguir a meta de 145 milhões de toneladas de grãos. Com um volume total estimado acima de 117 milhões de toneladas, soja e milho darão contribuição decisiva nesse sentido. As maiores safras de soja e milho do Brasil foram de 60 e 58 milhões de toneladas, respectivamente, na temporada 2007/08, quando a safra nacional de grãos apurada pela Conab superou as 144 milhões de toneladas. No ciclo passado, por conta da estiagem que prejudicou a Região Sul, houve um recuo para 135 milhões de toneladas.
PR e MT dão sustentação aos índices Além de cultivarem mais da metade da área plantada no verão em suas regiões, Paraná e Mato Grosso determinam a tendência desta safra pela disposição dos produtores em manter ou ampliar as lavouras e pelo investimento em tecnologia. Os dois estados ampliam seu potencial produtivo, conferiu a Expedição Safra RPC. Juntos, plantam 45,7% da área nacional de soja.
A liderança na oleaginosa é de Mato Grosso, com 26% da área e 29% do potencial da próxima colheita – 18,7 milhões de toneladas. O Paraná, além de 18,8% da área de soja, tem boa participação no milho, 14,2%. Se forem considerados esses dois grãos, as lavouras paranaenses são líderes, com 20,5% da produção brasileira, ante 19,8% das matogrossenses. Depois das perdas de 5,2 milhões de toneladas no verão passado, essa liderança é indicativo de superação, e também de retomada.
Meta envolve pequenas e grandes áreas Retrato da média dos produtores do Paraná, Guilherme Pelisson Filho, de Marialva (Norte), cultiva 60 hectares, lavoura considerada pequena para os padrões do Centro-Oeste ou da nova fronteira agrícola formada pelos estados do Maranhão, Piauí, Tocantis e Bahia (MaToPiBa). No entanto, seus planos coincidem com a tendência desta safra e o colocam ao lado de agricultores que estão há mais de 2 mil quilômetros de distância. “Esse ano, aumentei a área de soja e diminuí a do milho. Só deixei de lado o pasto e a reserva verde.”
Foi assim também na fazenda de Martin Luiz Beilfuss, que mora em Nova Santa Rosa, no Piauí, a pelo menos dois dias de estrada do Paraná. Ele ampliou a área de soja de 500 para 590 hectares e conseguiu manter a do milho em 100 hectares. Cultivando dez vezes mais terras que Pelisson, sente-se compelido a elevar a produção da mesma forma. “Para ter um custo menor e um retorno mais sustentável, só produzindo cada vez mais”, afirma.
“Nossa grande dúvida é sobre como as menores áreas vão se sustentar no futuro”, diz Beilfuss. Enquanto não há um limite definido para a sustentabilidade das áreas de grãos, os produtores que não podem comprar mais terras continuam investindo em insumos e adotando melhores práticas de manejo, relata.