O mercado mundial de soja vai ficar mais concorrido no ano que vem. Grandes produtores que tiveram safras ruins neste ano, devem ter boas colheitas e normalizar seu fornecimento em 2010, colocando incerteza sobre as exportações brasileiras a alguns mercados conquistados em 2009. “É uma questão de negociação. Não quer dizer que o Brasil vai perder estes mercados”, afirma a técnica da área de soja da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Nilva Claro Costa.
O mercado árabe é um dos que aumentou as suas compras de soja brasileira neste ano, o que ocorreu, segundo especialistas, por causa da falta de produto de outros fornecedores, como a Argentina. Até outubro deste ano, a receita brasileira com vendas de grãos de soja ao mundo árabe ficou em US$ 197 milhões contra US$ 103 milhões em todo o ano passado. O grande comprador, na região, foi Emirados Árabes Unidos. A demanda mundial aquecida, porém, pode ajudar o Brasil a se manter em novos mercados como este.
A expectativa é que haja uma grande safra de soja mundial no período 2009/2010. A oferta mundial deve crescer em 20 milhões de toneladas, para 250 milhões de toneladas. Ou seja, será 19% maior. Mas também haverá crescimento no consumo global, em três milhões de toneladas, para 233,36 milhões. Os estoques baixos e a demanda acelerada, de acordo com Nilva, farão com que o crescimento da safra não derrube os preços. A grande responsável pelo aumento de demanda, mais uma vez, será a China, de acordo com a técnica da Conab.
O Brasil também espera uma grande safra de soja. O clima ajudou no plantio, que já está ocorrendo nas regiões produtoras. O Mato Grosso, maior produtor, já semeou 95% da soja. O fato do mercado do milho estar ruim fez, segundo Nilva, os agricultores optarem pela soja, aumentando assim a área. O tamanho das lavouras de soja deve ficar entre 22,35 milhões de hectares e 22,75 milhões de hectares, com alta entre 2,9% e 4,7%. A produção nacional deve avançar de 9,5% a 11,4% para 62,5 milhões de hectares e 63,6 milhões de hectares.
As exportações brasileiras, no entanto, devem recuar um pouco, de 28,6 milhões de toneladas neste ano para 24,9 milhões de toneladas em 2010. A competição no mercado externo vai influenciar, mas também pesa nesta conta o fato de que em 2009, em função da quebra de safra dos grandes concorrentes, as vendas externas brasileiras da commodity estiveram em um patamar bastante elevado. As exportações mundiais, no entanto, vão avançar de 76,85 milhões de toneladas, na safra 2008/2009, para 79,37 milhões de toneladas em 2009/2010.