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Registro - Grãos convencionais miram mercado externo
Data: 01/12/2009
 
A expansão dos transgênicos no Brasil é inegável. Não só pelo incremento da área cultivada com sementes geneticamente modificadas no país, mas também pelo investimento crescente em biotecnologia aplicada à transgeníase. Por outro lado, é inegável também que os grãos convencionais têm um mercado cativo e, por isso, dificilmente irão desaparecer dos campos brasileiros. Pelo contrário, a tendência é que se encontre, nos próximos anos, um ponto de equilíbrio, afirmam analistas e pesquisadores. Apesar de conviver lado a lado nas lavouras, grãos transgênicos e convencionais ocupam nichos diferentes quando o assunto é mercado.

No Paraná, cooperativas pagam aos produtores de soja convencional um prêmio de até R$ 2 por saca. Segundo a Coamo, com sede em Campo Mourão (Noroeste), 60% do prêmio recebido pela cooperativa das empresas importadoras fica nas mãos do produtor e os outros 40% são utilizados para cobrir despesas de armazenagem, limpeza e rastreabilidade. Outras cooperativas como Cocamar (Maringá), Integrada (Londrina), Agrária (Guarapuava), C.Vale (Palotina), Copacol (Cafelândia) e Cocari (Mandaguari) também adotam o mesmo modelo de bonificação para atender a contratos de exportação. O prêmio visa estimular não só o plantio de variedades convencionais, mas também a segregação dos grãos.

O pagamento de bônus por grãos convencionais não acontece só no Paraná. É uma prática comum no mercado da soja, mas que ainda está começando no mercado do milho. A Cooperativa Agropecuária Camponovense (Coocam), com sede em Campos Novos, na região central de Santa Catarina, é um exemplo. Para esta safra, a cooperativa fechou contratos de exportação para fornecer milho convencional à União Européia. Pelos grãos, rastreados e certificados, recebe preços cerca de 8% acima do mercado. Para o presidente João Carlos Di Domenico, contudo, contratos como esse ainda são exceção no Brasil.

Segundo Ivan Pagui, diretor técnico da Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange), empresas como Batavo, Caramuru e Imcopa também oferecem a seus fornecedores um adicional que varia de R$ 1 a R$ 2 pela saca do cereal convencional.

Seja na soja ou no milho, a prática é mais comum na indústria de alimentos voltados para o consumo humano ou em empresas cujos produtos finais têm como destino o mercado exportador, principalmente o europeu. Avessos à transgeníase, países como França, Alemanha, Itália, Bélgica, Suíça, Noruega Japão e Coréia do Sul pagam mais por alimentos não-transgênicos.

Incentivado pelo bônus, o produtor Rodrigo Miola, de Toledo, plantou 242 hectares de soja convencional neste ano, o equivalente a 36% da área total de cultivo da oleaginosa. “O prêmio pago pelo grão convencional é um bom incentivo, mas minha opção levou em conta também a disponibilidade de variedades adaptadas à minha região”, esclarece.


Zoneamento regional de culturas para ganhar escala
A implementação de um zoneamento agrícola regional, delimitando regiões livres de transgênicos e áreas onde o plantio de variedades geneticamente modificadas é permitido seria a opção ideal para regular o mercado, defende o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não-Geneticamente Modificados (Abrange), Ricardo Tatesuzi de Sousa. Dessa forma, seria possível ganhar com a produção em escala dentro de uma mesma região, reduzindo custos logísticos, de transporte e de segregação. “Isso está começando em Santa Catarina e já existe há algum tempo na Eu­­ropa, em países como Ale­­manha e Áustria, onde existem estados inteiros em que o plantio de transgênicos é proibido”, relata.


Fonte: Gazeta do Povo

 
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