Soja - Minetto diz que só a soja será rentável na safra
Data:
02/12/2009
A soja será a única lavoura que trará rentabilidade ao produtor gaúcho na safra 2009/2010, aponta levantamento da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro/RS), que projeta os preços para o próximo ciclo agrícola. O lucro na saca de soja de 60 kg será de 27,81% sobre o valor de venda, com perspectiva de custos em R$ 32,47 e preço de R$ 41,50.
"Esta rentabilidade irá variar conforme o grau de tecnologia utilizado em cada lavoura, e nossa estimativa é de que 40% dos produtores podem ter ganhos superiores à estimativa", informa Tarcísio Minetto, assessor econômico da Fecoagro. Pelos cálculos da entidade, o produtor deverá colher 17,37 sacas de soja por hectare para cobrir seu custo variável. A previsão é de ampliação de 5% nas lavouras de soja no Estado, chegando a uma área de 3,9 milhões de hectares.
O levantamento tem como base o mês de outubro e apresenta estimativa de produção das principais safras de verão em 2009/2010 e do trigo safra 2009. No caso do milho, o custo total caiu 12,37% e o custo variável, 16,98%, resultando em um gasto total de R$ 19,62 por saca. No entanto, a rentabilidade será negativa em 10,45% com o preço nos padrões de R$ 17,57 de pouco mais de um mês atrás. Este quadro decorre da baixa nos preços do milho, que caíram 8,64% nos últimos 12 meses.
A estimativa é de colher uma safra de 5 milhões de toneladas do grão neste ano, praticamente repetindo 2008 - houve queda de 6% na área plantada, mas a produtividade aumentou. "A preocupação é que fatores internacionais decorrentes da crise financeira possam afetar o consumo e a exportação, além da falta de recursos do governo federal para financiamento", alerta o presidente da Fecoagro, Rui Polidoro Pinto. As perdas serão maiores na safra do trigo: prejuízo de 31,02% por saca, para um custo de R$ 32,62 e preço de R$ 22,50.
Apesar de ter havido redução tanto no custo total (-9,54%) quanto no custo variável (-12,89%), houve queda no preço tanto do cereal Tipo 1 quanto do Tipo 2. A expectativa, portanto, é de se obter os melhores preços via mecanismos oficiais de apoio à comercialização. "Como os produtores já compraram os insumos e providenciaram o cultivo de milho e trigo, não há como voltar atrás, então aconselhamos atenção ao mercado e às oportunidades", diz Minetto. Apesar dos números negativos nestas duas, tanto milho e trigo quanto soja terão nesta safra as melhores margens dos últimos anos. A redução no custo de produção nas principais lavouras em relação à safra anterior se deve à queda nos preços dos fertilizantes, defensivos e combustíveis, além da desvalorização do dólar, que barateia os insumos importados. No entanto, alguns fatores corroerão esses ganhos.
A ocorrência de novas chuvas e enchentes poderá exigir replantios de lavoura e nova aplicação de insumos, onerando o custo. Em algumas áreas do Estado, o plantio está atrasado devido ao clima. A baixa do dólar também poderá abrir as portas para a entrada dos produtos importados com preços abaixo do produto nacional.
"O mercado está sem liquidez, os preços estão baixos e não há recursos no orçamento para garantia de comercialização da safra", alerta Polidoro. Também o preocupa o fato de a capacidade financeira dos produtores para bancar o custeio da safra 2009/2010 estar comprometida devido aos ajustes e negociações de dívidas passadas.