A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), criticou ontem, a falta de atuação do governo federal em relação à valorização do real na comparação com várias moedas, em especial do dólar, que vem prejudicando as exportações do setor. "O governo não pode esperar dar um apagão na agricultura para fazer alguma coisa", afirmou. Ela admitiu que o governo já vem tomando algumas medidas nesse sentido, como a cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre capital estrangeiro, anunciada em outubro, mas avaliou que se tratam de movimentos "pífios".
Na avaliação da presidente da CNA, o governo federal está de mãos amarradas para realizar uma mudança mais efetiva na curva do dólar porque o aumento dos gastos públicos continua, mesmo com o desarmamento de políticas anticíclicas e também porque a poupança do país está menor, resultando em uma aceleração do déficit em conta corrente. Para ela, a confederação não está fazendo "apenas uma crítica vã" ao governo. Seus representantes aguardam por resultados efetivos, de acordo com a senadora porque as exportações começam a se tornar inviáveis.
A expectativa da CNA é a de que as exportações do agronegócio devem somar US$ 64,7 bilhões este ano, uma queda de 10,93% na comparação com 2008. Enquanto o setor sucroalcooleiro se consolida como destaque de alta nas vendas externas em 2009, com incremento de 25% da receita (US$ 9,8 bilhões), a soja deve apresentar estabilidade no período (US$ 17,891 bilhões) e o complexo de carnes deve amargar queda de 21% (US$ 11,4 bilhões). "É muito difícil conviver com um dólar desvalorizado. Isso é algo que nos afeta diretamente e que pode nos levar a perder mercado lá fora. Exportar começa a ser algo inviável", analisou Kátia Abreu.
"O agricultor está no jogo, como todo mundo, para ter lucro, mas o está ficando no prejuízo e ninguém compensa essa diferença de preços", disse. Segundo ela, o agricultor não possui condições de arcar com os custos do abastecimento brasileiro. "Não podemos bancar uma alimentação barata".