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Geral - Commodities mantêm elevado nível de preços
Data: 30/12/2009
 
Não houve o tombo temido por grande parte dos atores do agronegócio brasileiro na passagem de 2008 para 2009. Os preços das principais commodities agrícolas negociadas pelo país no exterior haviam descido alguns degraus em relação às máximas históricas de meados de 2008, pouco antes do debacle do Lehman Brothers nos Estados Unidos, mas a sangria foi estancada no início de 2009 e, para surpresa de muitos analistas, as cotações voltaram a subir e a se acomodar em patamares bastante superiores às médias históricas.

Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) comprados e vendidos nas bolsas de Chicago (soja, milho e trigo) e Nova York (açúcar, algodão, cacau, café e suco de laranja) mostram que, exceto o trigo, todas as demais sete commodities encerram dezembro mais valorizadas do que no mesmo mês de 2008. E as altas entre as médias verificadas nesses meses não são desprezíveis: no balanço fechado no dia 29, vão de 8,38% (milho) a 105,14% (açúcar).

É verdade que a espiral "altista" nos meses que antecederam o recrudescimento da crise financeira irradiada dos EUA garantiu à maior parte desses produtos médias anuais superiores em 2008 do que em 2009 - apenas açúcar (42%) e cacau (10,2%) apresentam variações positivas nesta comparação. Mas quem esperava um terremoto aliviou-se com o tremor que, na metáfora marinha, poderia ser considerado uma marolinha.

Não fossem os elevados custos de produção e a valorização do real em relação ao dólar, os exportadores brasileiros estariam bem mais aliviados e as contas do setor seriam mais positivas, como afirmaram em dezembro ao Valor Marcelo Martins, presidente da Cargill no Brasil, e César Borges de Sousa, vice-presidente da Caramuru Alimentos e presidente da Câmara Setorial de Milho e Sorgo. Também sob a influência negativa da queda da colheita de grãos na safra passada, o Brasil fecha 2009 com redução da receita bruta de suas principais lavouras, a primeira queda da receita das exportações do setor em uma década e com o PIB do agronegócio em baixa de pelo menos 5%.

Ocorre que dólar e commodities costumam oscilar em direções opostas, e as valorizações das commodities agrícolas exportadas pelo Brasil carregam forte influência dos movimentos financeiros de grandes fundos de investimentos que procuraram alternativas mais seguras em meio à turbulência global, sobretudo nas economias dos países desenvolvidos. A conjuntura, permeada por aumentos artificiais de liquidez com potencial inflacionário, ajudou a enfraquecer a moeda americana, formando uma engrenagem que, segundo especialistas, deverá oferecer suporte às commodities por pelo menos mais alguns meses.

"Dado o cenário econômico, ativos como petróleo, metais e soja estão caros. São bens tangíveis objetos de uma valorização decorrente mais de movimentos especulativos do que de sinais concretos de reaquecimento da atividade. Não deixa de ser uma "bolha mirim" advinda do maior ingresso de recursos nesses mercados", afirma o economista Fábio Silveira, da RC Consultores. Mantidas as atuais políticas monetárias sobretudo nas economias mais ricas, o risco de a "bolha mirim" estourar é menor.

Apesar do aumento da especulação, os movimentos dos fundos de investimentos são norteados, e maximizam, direções indicadas pelos fundamentos de oferta e demanda de cada produto ou grupo de produtos, a depender da carteira em questão. Foi a forte demanda de países emergentes como China e Índia que atraiu o interesse dos fundos e, com tal "vitamina", levou às máximas pré-crise. E é a resiliência do consumo global de alimentos apesar das recessões ou dos crescimentos menores, somada ao crescente apoio aos biocombustíveis no mundo, que colabora para manter os preços elevados.

Isso do lado da demanda, ainda mais marcante no mercado de soja. A economia da China, maior importador mundial do grão - carro-chefe das exportações do Brasil -, sofreu uma desaceleração, mas nem por isso o apetite do gigante no exterior arrefeceu. Após uma estratégia entremeada por compras agressivas e sumiços repentinos, as importações chinesas fecham 2009 com um novo recorde histórico.

"No fim de 2008, havia dúvidas se a China continuaria crescendo, mas a renda na Ásia continuou a subir e a demanda tende a continuar forte em 2010", afirmou Alexandre Mendonça de Barros, do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do braço agrícola da MB Associados, em recente seminário realizado em São Paulo . A questão agora é como será o comportamento do consumo nas economias desenvolvidas, que também afetam os preços de commodities menos essenciais como algodão, cacau, café e suco de laranja. O açúcar, como se sabe, é uma base energética importante em países de renda menor.

Do lado da oferta, o início de 2009 também foi de pressão positiva sobre os preços, especialmente dos grãos. Uma forte estiagem no sul da America do Sul não poupou os campos argentinos, fez tombar a produção de soja e milho do país e alavancou as cotações, o que contribuiu para a alta das exportações brasileiras, sobretudo de soja. O clima também golpeou a oferta de açúcar na Índia, prejudicou pomares de laranja na Flórida, atrasou a colheita de grãos nos EUA e retardou a safra de cana no Brasil, fortalecendo as respectivas cotações mesmo que os prejuízos não tenham sido permanentes.

A produção americana de grãos nesta temporada 2009/10, por exemplo, foi gorda e dentro das expectativas. O plantio de grãos na América do Sul também indica aumento da colheita, que no caso da soja brasileira já ganha ritmo em Mato Grosso, maior Estado produtor do grão. São fatores considerados "baixistas" para produtos como soja e milho, como realça Vinícius Ito, analista da Newedge baseado em Nova York, mas as ameaças provocadas pelo El Niño na América do Sul e a forte carga especulativa nas bolsas por enquanto debelam os riscos de quedas bruscas, ainda que ajustes para baixo possam ocorrer.

Enquanto isso não acontece, os exportadores brasileiros comemoram as altas de 2009. Na comparação entre os preços médios de dezembro (até o dia 29) e do mesmo mês de 2008, a commodity que mais subiu após o escandaloso açúcar (105,14%) foi o até pouco tempo deprimido suco de laranja (76,89%), seguido por algodão (64,94%), cacau (37,17%), café (29,91%), soja (19,12%) e milho (8,38%). Só o trigo, que o Brasil importa em grandes volumes, recuou, mas ainda assim 0,16. Nas relações entre as médias anuais, nas quais apenas açúcar e cacau sobem, a maior queda é a do trigo (32,40%), que tem um folgado quadro global de oferta e demanda, seguido por milho (29,31%), soja (18,66%), suco (13,02%), algodão (11,45%) e café (5,60%).



Fonte: Valor Econômico
Autor: Fernando Lopes, de São Paulo
 
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