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Geral - Estoques reduzem espaço disponível à nova colheita
Data: 12/01/2010
 
Boa parte do milho safrinha continua nos silos no Paraná e no Centro-Oeste, onde a produção surpreendeu no último ano

Luana Gomes

A safra cheia prevista para 2010 traz à tona velhos problemas e evidencia os gargalos logísticos da produção agrícola brasileira. Os armazéns, ainda cheios de grãos da safra anterior, têm pouco espaço para receber o produto novo. Sem encontrar mercado por problemas de preço ou qualidade, parte do milho e do trigo colhidos no último inverno se acumula nos silos, ocupando espaço que, no final do primeiro trimestre, terá que ser cedido para a armazenagem da safra de verão.

Os estoques brasileiros estão concentrados na Região Centro-Oeste do país e no estado do Paraná, onde a colheita de uma safrinha recorde em uma época de preços deprimidos e de uma safra de trigo de baixa qualidade travaram a comercialização da produção de inverno. Só no Paraná, cerca de 3 milhões de toneladas de grãos produzidas no ano passado ainda estão nos armazéns, conforme levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab). Mais de 50% do trigo e 23% da segunda safra de milho de 2009 ainda não foram vendidos, ocupando 12% da capacidade dos armazéns do estado.

“Em Mato Grosso, boa parte dos armazéns, que têm capacidade para estocar 25,3 milhões de toneladas, está cheia de milho da última safrinha”, relata Seneri Paludo, superintendente do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea). A sobreposição de safras não deve ser um problema para a soja, que está com preços melhores é pode ser vendida logo após a colheita, mas pode forçar a comercialização do milho. “Principalmente a partir de junho ou julho, quando começa a colheita da safrinha de 2010. Em março, os armazéns já vão estar completamente lotados”, observa. Com a antecipação da colheita da soja, o cereal deve ganhar área no próximo inverno.

O carregamento de estoques prejudica não só os produtores que dependem de traders e cooperativas para guardar a sua produção, mas também aqueles que têm estrutura própria. Sergio Tambara, de Ourinhos (SP), se prepara para iniciar a colheita da soja no mês que vem, mas ainda enfrenta problemas herdados do ciclo passado. O trigo apresentou qualidade abaixo da esperada e ainda ocupa um dos três silos da propriedade. “Vou acabar tendo que vender para ração, a preço de milho”, lamenta.

Da colheita de 2009, Tambara acumulou também boa parte do milho safrinha. Até pouco tempo atrás, o cereal lotava o maior dos silos de sua propriedade, que comporta 600 toneladas, metade da capacidade total de armazenamento da fazenda. “Tive sorte de pegar uns soluços de preço melhor e consegui vender por até R$ 20 a saca”, conta.


Fonte: Gazeta do Povo
 
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