O Brasil continuará neste ano sendo um forte importador mundial de trigo. A previsão é que, desta vez, os moinhos busquem o produto fora do Mercosul, que também sofreu problemas climáticos. Algumas indústrias já começam a negociar contratos de compra de trigo americano, canadense e também alemão.
Na Argentina, o preço já se valoriza, não só por conta da safra menor no país, mas como resultado da maior necessidade do Brasil de trazer trigo mais caro de fora do bloco. "Desde o começo de dezembro, o trigo argentino subiu 15%, já alinhado com a necessidade do Brasil. Eles sabem que somos clientes cativos", afirma Christian Saigh, da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo).
A produção brasileira do cereal do ciclo 2009/10, cuja colheita foi finalizada em dezembro, deverá fechar em 4,9 milhões de toneladas, ante as 6 milhões da safra anterior, segundo a Safras & Mercado. Somado esse volume aos estoques de passagem, que foram altos, a oferta interna subirá para 6,9 milhões. Descontando-se os cerca de 2 milhões de toneladas de qualidade baixa, que além de serem exportadas, também são usados para sementes (cerca de 400 mil toneladas), a oferta real para consumo humano volta para 4,9 milhões, segundo Élcio Bento, da Safras & Mercado. O Brasil consome por ano em torno de 9 milhões a 10 milhões de toneladas do cereal.
Na Argentina, Paraguai e Uruguai, onde o Brasil tradicionalmente se abastece, o saldo exportável deve recuar de 6,5 milhões de toneladas para 3,65 milhões este ano, segundo Bento.
Os moinhos, portanto, já se preparam para trazer mais trigo de fora do Mercosul, pagando a Tarifa Externa Comum (TEC), de 10%, mais 25% adicionais sobre o frete.
"Nossa estimativa é de que a indústria brasileira terá que comprar 2 milhões de toneladas de fora do bloco sul americano", diz Lawrence Pih, do Moinho Pacífico. Segundo ele, as indústrias aguardam o fim da safra argentina, em abril, para definir melhor seus planos de importação com TEC a partir de maio, mas já há conversas com vendedores dos EUA. "Com base nas cotações dos últimos dias, o trigo vindo pelo golfo do México chegaria no Brasil US$ 40 mais caro do que o argentino", diz Pih.
O presidente do Sindicato da Indústria de Trigo de São Paulo, Luiz Martins, diz que algumas indústrias conseguiram comprar trigo da Alemanha pelo mesmo valor do argentino, mas negociando com frete de ida e volta. (FB)
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O Brasil continuará neste ano sendo um forte importador mundial de trigo. A previsão é que, desta vez, os moinhos busquem o produto fora do Mercosul, que também sofreu problemas climáticos. Algumas indústrias já começam a negociar contratos de compra de trigo americano, canadense e também alemão. 