É um absurdo este preço cobrado no mercado sendo que no campo está muito barato. O lucro fica no meio”
Os produtores rurais que precisam todas as safras torcerem para que as condições climáticas favoreçam a colheita, enfrentam também outra dificuldade, o preço pago pela produção. Em Cascavel e região, com a colheita do feijão quase finalizada os agricultores reclamam do preço pago pela saca, já que alegam prejuízos com os valores defasados. Por outro lado, nos supermercados, o quilo do feijão que chegou a custar R$ 7,00 está na média de R$ 1,95, o que satisfaz aos consumidores finais.
Mas, quem recebe o que considera pouco pela produção critica os valores cobrados nos supermercados, pois avalia como caros diante dos preços pagos aos produtores. Nelson Kuertn Camilo é produtor rural na região e garante que hoje, o feijão custando R$ 1,95 ao consumidor está caro. “É um absurdo este preço cobrado no mercado sendo que no campo está muito barato. O lucro fica no meio”, revela ao criticar que hoje o preço pago para a saca de sessenta quilos está na média de R$ 50,00.
O agricultor explica que se hoje o produtor rural recebe R$ 0,83 o quilo de feijão e o consumidor paga R$ 1,95, são R$ 1,12 que ficam nas mãos dos “intermediários”, longe de quem produz e de quem compra. “Nem produtor e nem consumidor é beneficiado com estes preços”, explica ao lembrar que quando o preço pago ao produtor sobe, imediatamente o consumidor também sente no bolso, indicando que “o consumidor sempre paga a conta”.
Camilo, que nesta safra resolveu não plantar feijão, afirma que fez a melhor opção, já que hoje os custos da produção não compensam. “Você paga um saco de adubo de R$ 40,00 para receber R$ 50,00 pela saca de feijão, isto não tem lógica”, ressalta ao comentar que no ano passado, quando plantou um alqueire de feijão sua venda não representou os custos da cultura.
Ele ainda conta que o lucro nunca fica nas mãos do agricultor, porque no campo os preços são baixos e no supermercado são altos. “O produtor paga veneno e tem preço baixo, nunca pode respirar aliviado, não tem mais lucro”, comenta ao dizer que embora não tenha plantado feijão não colabora para com o lucro dos “atravessadores”, pois compra os grãos dos vizinhos que produziram.
Nas prateleiras dos supermercados, ontem (18), os preços do feijão preto variavam de R$ 1,75 a R$ 2,19, já o carioca estava entre a variação de R$ 1,99 a R$ 2,59. “Eu acho que este preço está razoável, já cheguei a pagar mais de R$ 3,00”, diz Armitio Pires lembrando da oscilação de preços do produto em poucos meses. O consumidor revela que sabe que quando os preços no supermercado estão mais “acessíveis” significa que no campo os produtores estão sendo mal remunerados. “Para nós está bom, mas o difícil fica para o produtor que fica torcendo para aumentar o preço”, reconhece.