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Café - Café de pequenos produtores recebe certificação
Data: 01/03/2010
 
Um projeto pioneiro está colocando o pequeno cafeicultor no exigente mercado dos produtos com certificação internacional de qualidade. A equipe do Globo Rural foi até a região de Serra Negra, em São Paulo, pra conhecer essa experiência.

Das 135 pequenas propriedades aprovadas pelo programa, nos municípios de Amparo, Socorro, Monte Alegre do Sul e Serra Negra, recebemos a recomendação de visitar o sítio São João, do seu Décio Olivotto.

A propriedade tem 13 hectares, com 13.500 pés em produção. O braço direito de seu Décio é o meeiro Hélio Neves. Mas, fora o Hélio, todo o serviço é tocado pela própria família.

Pra quem mora na cidade e prefere tomar um café certificado, a única exigência é pagar um pouquinho a mais pela qualidade, pela seleção. Mas você faz ideia do que um pequeno cafeicultor tem que cumprir para obter a certificação? São dezenas de exigências. A colheita, por exemplo, segue regras rigorosas, o produtor tem que saber de cor o que pode e o que não pode.

“Não pode colher café verde, 80% do café tem que estar maduro, não pode colher café no chão, tem que ser na peneira ou no pano, o que a gente colhe no dia tem que levar no mesmo dia. Nestes cafés não pode ser transportado saco de adubo e não pode ter animal da propriedade, quando estamos fazendo a colheita, como cachorro porque eles fazem sujeira e o café é alimento e também não pode trabalho infantil”, explica Giane.

Veja a seguir numa ordem de trás pra frente, algumas das tarefas obrigatórias: antes de iniciar a colheita, tanto pra recolher direto na peneira ou pra debulhar no pano, há que se fazer a arruação.

Toda a folhagem, o cisco, o matinho, em volta do pé, são retirados e formam um cordão entre as leiras.

Antes, ainda, seu Décio já passou a roçadeira já fez duas, três capinas para evitar mato-competição.

Já colheu amostras do terreno. Coisa que ele fazia lá uma vez ou outra, mas agora passou a ser rotina anual, o que lhe permite uma adubação mais técnica, pois só aplica o que falta. Barateou.

Antes da adubação, a orientação que teve foi pra podar o topo e as laterais dos cafeeiros. É o esqueletamento.

“Antes a gente deixava e o pé de café ia crescendo. O café dá na ponta dos galhos só, no meio não dá, então agora esse esqueletamento faz galhos novos e o galho novo dá café, então aumenta a produção”, explica seu Décio.

Agora nós vamos ver uma exigência que no código de conduta que a família tem que seguir, ela é a de número 97, capítulo sobre transporte, mistura, aplicação, descarga, armazenamento de produtos químicos.

Para guardar os defensivos tóxicos, eles reaproveitaram uma instalação antiga, um caprio.

“A gente criava cabrito, criamos por dois anos, depois não deu certo e aqui ficou abandonado. Daí a gente reformou e hoje é a casa do agrotóxico”, diz Giane.

Pra mexer, especialmente no quartinho onde ficam guardados os galões de agrotóxicos, o Hélio tem que vestir uma roupa especial. Claro, para aplicar os produtos, o Hélio tem que vir equipado e obedecendo regras. Por exemplo: se for herbicida, mata-mato, não pode se aproximar de riacho, açude...

Além da obrigação tem de uso da roupa, tem também obrigação pós-uso. Precisa tomar banho, no chuveiro instalado no depósito especialmente para isso. E ter deixado no talhão que acabou de pulverizar uma bandeirinha vermelha. O que significa: por um dia, ninguém pode entrar aqui; pra colher, só depois de duas semanas. E em caso de acidente por contaminação...

“Nunca tinha ouvido falar nem ver em algum lugar e a gente teve que fazer esse lava olhos aqui na propriedade. Isso é que se seu Hélio qualquer coisa estiver passando um agrotóxico e sujar o olho com algum resíduo, até ele abrir a torneira, tirar a luva, lavar o olho, vai ser ruim. Então ele vai à torneira, abre e lava diretamente o olho”, explica Giane.

“É ruim de usar, mas se for preciso é bom porque ajuda bastante. Eu ainda não tive que usar, mas é perigoso o nosso serviço”, diz Hélio.

Os grãos ainda úmidos precisam ser amontoados de modo que a água da chuva escorra fácil, não fique parada alterando o gosto. Os que já estão mais secos precisam ser cobertos.

O programa tem a cara de projeto público, mas é uma iniciativa privada, bancada pela Fundação Sara Lee, ligada a uma empresa que negocia café em 180 países, inclusive no Brasil. Uma pergunta: quem que confere se o produtor está fazendo tudo direitinho? Além da inspeção que o técnico do programa faz, todo ano o candidato a entrar na certificação, a manter o certificado conquistado tem que fazer duas provas apertadas. Numa ele pode ser suspenso, na outra pode ser eliminado.

Os auditores indicados pela certificadora são os agrônomos Gustavo Nakashima e o administrador Márcio Metidieri. Crivam seu Décio de perguntas.

Fazem a perícia em uma pasta. Página por página, conferindo notas fiscais emitidas e recebidas, confrontando listas de agrotóxicos permitidos...

Terminam de vasculhar a propriedade fazendo uma visita à casa do Hélio Neves. Além dos detalhes do contrato de meação, querem saber que tipo de assistência os proprietários dão e, principalmente, querem confirmar uma coisa que pode dar vermelho na hora: as crianças estão matriculadas na escola e frequentando as aulas?

Depois de averiguar se o cachorro está preso, já que a propriedade produz alimento, não pode ter animal solto fazendo sujeira por aí, o auditor Gustavo dá o resultado.

“Depois da nossa auditoria nessa propriedade não foi encontrado nenhuma irregularidade”, declara Gustavo.

“A gente fica muito contente com isso, de saber que a gente está dando certo”, afirma Décio.

Dez mil sacas tem sido em média a produção de café certificado nas pequenas propriedades da região de Serra Negra. O que vem da fazenda de seu Décio, bem como dos outros cafeicultores que fazem parte do programa, nos galpões de armazenagem tem que ficar separados. Lá a pilha de café comum, do outro lado só o certificado. É mais uma regra de conduta. Pelas nossas contas, a de número 180. E tem mais...

Seu Décio não chegou a tanto ainda. Mas, além da cotação do dia, recebe uma bonificação pelo café certificado.

“Eu vou ganhar mais. E eles não me obrigam a vender para ninguém. É livre, eu posso vender para quem eu quiser, mas preço por preço, eu vendo para eles que já ta dando assistência pra gente”, afirma Décio.

Seu Décio recebe mais porque o consumidor paga mais por um produto sobre o qual ele sabe mais. Eduardo mostra o pacote de um café que já está sendo vendido no Brasil. No selo da certificação, pelo código de barras, em qualquer computador do mundo, é possível saber a origem deste café.

Esse é um projeto mundial. Existe também na Colômbia, Quênia, Guatemala, Vietnã. No Brasil a ideia é que, com o tempo, os produtores passem a fazer a própria venda do café certificado.


Fonte: O Globo Online
 
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