A colheita da soja está a pleno vapor nos principais estados produtores. A preocupação agora é com o frete, que subiu muito. Veja a situação no Paraná e em Mato Grosso.
O agricultor Geraldo Falavinha, produtor, tem seis mil hectares cultivados com soja no município de Campo Novo dos Parecis, região sudoeste de Mato Grosso. Seu Geraldo está vendendo a saca do grão por R$ 28. No mesmo período do ano passado, valia R$ 40.
“A soja que produzimos a R$ 12 a menos o ano passado o saco, teremos um impacto forte sobre a nossa região com os recursos que deixarão de vir pra cá”, diz Geraldo.
De acordo com o IMEA mais de 60% da safra de soja de Mato Grosso sai do estado usando as rodovias. A BR- 163 e a BR- 364 são as mais importantes e cortam o estado ao meio, no sentindo norte-sul. Nos dias com muita chuva, o tráfego é difícil e se torna um transtorno para os caminhoneiros. Nossa reportagem percorreu um trecho da BR-364 e encontrou três caminhões atolados e parte da pista interditada.
Para a Associação dos Produtores de Soja, o preço do frete entre Mato Grosso e o Porto de Paranguá, no Paraná, subiu muito. “O ano passado você gastava para cada 50 sacas por hectares que você produzia em torno de 13 sacas para levar até o porto. Agora você está gastando 23”, explica Glauber Silveira da Silva, Presidente da Aprosoja.
Entenda a situação do escoamento da safra no Paraná. Na região de Maringá, o maior movimento é de caminhões levando a produção para os armazéns das cooperativas. Neste ano, os caminhoneiros trabalham contentes já que o preço do frete aumentou.
“Deu uma subida boa. Está na faixa de R$ 27 a R$ 28 por tonelada”, falou o caminhoneiro Wilson Oliveira Souza.
Nessa época, a maior demanda é por viagens curtas, em que a soja é transportada do campo até as indústrias e cooperativas. Nesses casos, o frete subiu 40% comparado com o mesmo período do ano passado.
Da cooperativa parte da soja ainda terá de ser transportada até o Porto de Paranaguá, de onde segue para a exportação. De acordo com o Sindicato das Empresas Transportadoras de Maringá, o valor do frete da cidade até o Porto de Paranaguá hoje é de R$ 80 a tonelada. No mesmo período do ano passado, o preço era de R$ 60 a tonelada.
“Esse aumento é devido à produção. Como deu uma produção muito alta, naturalmente a demanda é maior. Dentro dessa demanda, o frete é o mercado que não tem tabela. Se a demanda for grande, naturalmente o preço sobe”, explicou Afonso Shiozaki, presidente do sindicato.
Se para os transportadores o aumento do frete é comemorado; para os agricultores, a notícia vem em péssima hora. O agricultor Marco Bruschi Neto já estava desanimado com o preço baixo da soja. Agora que está escoando a produção se deparou com o frete mais caro. “Eu vou pagar este ano R$ 0,70 por saca de 60 quilos. No ano passado, paguei R$ 0,50 por saca. O aumento é bastante devido que o produto nosso caiu de preço também”, falou.