Geral - Auditoria determinará suspensão da vacina de aftosa no Paraná
Data:
02/03/2010
Para ministro Stephanes, Estado tem feito um bom trabalho de fronteira e já está preparado para ficar livre da vacinação .
Curitiba - O Paraná poderá ficar livre da vacinação da febre aftosa até o final deste ano. Na manhã de ontem, o secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado, Valter Bianchini, entregou ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, um pedido de suspensão das campanhas de vacinação. ""Esse ano o Paraná vai se tornar livre da aftosa com vacinação. O Estado, assim como Santa Catarina, já está preparado para também ficar livre da vacinação"", afirmou o ministro. Atualmente, somente o estado vizinho é considerado livre da doença sem vacinação no País.
Segundo Stephanes, o Estado tem feito um bom trabalho nas fronteiras e vai continuar obedecendo as regras nacionais e internacionais, além das exigências dos países compradores de carne. Será feita uma auditoria para verificar a possibilidade de realmente eliminar a obrigatoriedade da vacinação no Paraná. Se o pedido for aceito, a suspensão da campanha será válida a partir de junho deste ano. A vacinação prevista para maio ainda deve ser realizada para os animais jovens até 24 meses de vida, conforme foi realizado no ano passado.
Com isso, a carne do Estado levará vantagem e poderá entrar em mercados exigentes como Rússia, União Europeia e Estados Unidos que colocam barreiras na compra de carne brasileira. A vacinação contra a febre aftosa é feita há 40 anos no Paraná. Em 2005, foram confirmados focos da doença no Estado. Na época, foram sacrificados mais de 8 mil animais para conter o avanço do vírus.
Questionado sobre a possibilidade de a suspensão das aplicações significar um risco à sanidade do rebanho do Paraná, especialmente na hipótese de um foco isolado de aftosa em algum estado ou país limítrofe, o secretário respondeu que ""risco sempre existe"". ""Mas, se ele aparecer, temos capacidade e recursos para rapidamente neutralizá-lo. É isso o que a auditoria do ministério vai verificar. A vacina é uma segurança a mais"", disse.
No ano passado, o Paraná exportou o equivalente a US$ 4,2 bilhões em carne bovina, US$ 1,22 bilhão em carne suína e US$ 5,3 milhões em carne de frango. Segundo Bianchini, os produtores deixarão de gastar aproximadamente R$ 30 milhões por ano com a compra de vacinas.
Para Nelson Costa, superintendente adjunto da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), caso a vacinação seja suspensa, o mais importante é que o Estado atingirá o status máximo de sanidade. O reflexo será sentido nas negociações nacionais e internacionais. ""Nossos produtos terão um diferencial de aceitação"", afirma Costa.
O fato de ser considerado livre de febre aftosa sem a vacina, conforme ele, beneficiará todo o complexo de carnes - entre elas as de bovinos, suínos e aves. ""Os cooperados veem a medida como oportunidade de alcançarem melhores preços para seus produtos"", observa o representante da Ocepar, acrescentando que os produtores estão preparados para a nova etapa. ""É um cuidado com o rebanho feito desde 2006"", comenta.
Além de representar um produto melhor e conseguir negociações mais interessantes nos mercados interno e externo, Alexandre Kireeff, presidente da Sociedade Rural do Paraná, aponta que a medida também refletirá na verticalização da cadeia de carnes. ""Isso poderá abrir a perspectiva da indústria de beneficiamento de produtos como carne e laticínios, principalmente para exportação"", considera.
Kireeff ressalta que poderão ocorrer dúvidas sobre a suspensão da vacinação. ""Será que estamos aptos para isso?"", questiona. ""Mas devemos acreditar que a medida estará amparada em avaliações técnicas dos órgãos competentes"", frisa o presidente da Rural. Ele destaca, contudo, que para a ExpoLondrina 2010, entre 1 e 11 de abril, estão mantidas todas as exigências sanitárias para o acesso de animais ao Parque Ney Braga. Entre elas, a apresentação de comprovoção de vacinação.