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Milho - Safra de milho bate recorde em SC
Data: 08/03/2010
 
Chuvas bem distribuídas ao longo do ciclo de desenvolvimento do milho foram fundamentais para o resultado da safra 2009/10 em Santa Catarina. Mesmo com uma redução na área plantada de cerca de 11,6% em relação ao ciclo anterior, a colheita deve atingir 4,4 milhões de toneladas, superando o recorde da safra 2002/03, quando Santa Catarina colheu 4,3 milhões de toneladas. O bom resultado pressiona os preços para baixo: hoje a saca é vendida no Estado entre R$ 14 e R$ 15, apesar do preço mínimo de R$ 17,48.

O destaque para o bom resultado está na produtividade. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que fique em 5.835 quilos por hectare. O resultado nunca foi alcançado, de acordo com o relatório do engenheiro agrônomo Júlio Rodigheri, do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Epagri de Santa Catarina. A marca mais próxima foi 5.713 quilos por hectare em 2007/08. Segundo relatório de Rodigheri, informações da Epagri, coletadas depois do levantamento da Conab, apontam que a produtividade das lavouras poderá ser ainda maior do que os 5.835 quilos por hectare.

Para Airton Spies, chefe da Cepa, o fenômeno El Niño possibilitou níveis elevados de chuva, mas não em excesso a ponto de prejudicar as lavouras. Na safra passada, apesar de a área plantada ter sido maior - atingiu 648.509 hectares, contra 590 mil deste ano - , a seca prejudicou o desenvolvimento dos grãos.

Em Campo Erê, na abertura da colheita do milho para a safra 2009/10, o secretário de Agricultura de Santa Catarina, Antonio Ceron, comemorou o resultado do campo. "Esse ano vamos superar a produção do ano passado", comenta Ceron. "Mesmo assim teremos duas principais preocupações: uma é o preço não compatível com o custo que hoje está em R$ 14 a saca, sendo que o ideal estaria entre R$ 17 e 18. A outra, é local para armazenar o grão", diz.

Os preços do milho ao produtor cresceram em 2007, atingiram o seu máximo em julho de 2008 e depois disso só diminuíram. Em julho de 2009, estavam em R$ 17,18 a saca, o que contribuiu para a redução da área da safra que está sendo colhida agora. Desta data até janeiro de 2010 decresceram mais 5% (R$ 16,33 a saca). Nos últimos dias estão a R$ 15,50 a saca em Chapecó, abaixo do preço mínimo de R$ 17,46 por saca.

A colheita do milho em Santa Catarina, até agora, alcançou 30% no extremo oeste, 30% no oeste, 18 % no meio oeste e 3 % no Planalto Norte, fazendo com que a colheita alcance 20% na média do Estado.

As perspectivas também são boas para a colheita de soja no Estado. A safra prevista até o momento será recorde, devido ao aumento de área (14,1%) e da produtividade (12,6%). A produção será de 1,253 milhões de toneladas, o que representa um aumento em relação à safra anterior de 28,5%.

Os preços baixos do milho beneficiam outros agentes da cadeia do agronegócio em Santa Catarina como, por exemplo, os criadores de suínos e aves, que têm no grão 70% do seu custo de produção. Hoje, o Estado não é auto-suficiente na produção de milho e consome 5,5 milhões de toneladas por ano com avicultura e suinocultura.

Para Spies, o produto pode ser usado também na alimentação do gado leiteiro no Estado. O resultado recorde, na opinião do chefe do Cepa/SC, chama a atenção para a necessidade de captação de água para a produção agrícola e para um maior planejamento da produção para a garantia de renda ao produtor. "Não adianta ficar com o armazém cheio e os bolsos vazios", diz.



Fonte: Valor Econômico
 
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