Mais de 400 mil propriedades serão cadastradas em 12 meses. Setor produtivo questiona projeto.
Começou ontem projeto para georreferenciar os mais de 400 mil estabelecimentos rurais no Estado. Em 12 meses, a Secretaria da Agricultura (Seappa) deve mapear 110 mil propriedades em municípios na divisa com Uruguai, Argentina e Santa Catarina. O trabalho no restante do Rio Grande do Sul começa após esta etapa, mas o ritmo dependerá de mais verba e pessoal.
Os grupos serão compostos por dez técnicos, número que deve dobrar nas fases seguintes. Segundo o chefe da Fiscalização e Defesa da Seappa, Nilton Rossato, como ainda há falta de pessoal, veterinários de sindicatos rurais ou do setor privado poderiam reforçar as equipes. "A iniciativa atende a recomendações de auditorias oficiais e considera indicativos que frigoríficos exportadores de carne bovina passarão a cobrar essa condição para aquisição de gado", aponta.
O presidente do Conselho Técnico Operacional de Pecuária de Corte do Fundesa e consultor da Farsul, Fernando Adauto, questiona o momento, pois, para ele, há outras prioridades, como a conclusão da informatização das Inspetorias Veterinárias e Zootécnicas. "A rastreabilidade, por exemplo, é muito mais importante para o mercado do que o georreferenciamento." Nos bastidores, ainda se questiona a celeridade e o custo do processo. O Fundesa cedeu o mapeamento já elaborado de 60 mil criatórios de suínos, aves e gado.
Rossato argumenta que projetos alternativos, como o produtor indicar sua propriedade no Google Earth, foram analisados. Porém, o governo defende que as coordenadas não teriam a mesma confiabilidade que a medição. Mesma opinião tem o supervisor de Informações do IBGE no Rio Grande do Sul, Ademir Koucher. Para ele, a melhor forma é ir ao local. No caso do IBGE, o mapeamento dos 441.467 estabelecimentos agropecuários no Estado levou 90 dias. Contudo, os dados não servem para a Seappa, pois trazem somente a localização, sem apresentar a identificação do produtor, o que é necessário na alimentação do sistema de defesa sanitária.
COMO SERÁ A OPERAÇÃO
1º fase: georreferenciamento de 2,2 mil fazendas em Uruguaiana e Barra do Quaraí deve ser concluído em 15 dias, ao custo de R$ 25 mil;
2º fase: municípios de fronteira com a Argentina;
3º fase: municípios de fronteira com o Uruguai;
4º fase: municípios de divisa com Santa Catarina e restante do Estado.