Perspectiva de valorização dos produtos no campo aponta tendência de aumento nos preços pagos pelos consumidores. O feijão com arroz que o consumidor leva hoje ao prato deve ficar ainda mais caro. Nos próximos meses, a expectativa de melhores cotações no campo promete elevar ao consumidor o valor dos dois grãos que estão na base da alimentação dos brasileiros.
No momento, a preocupação maior na ponta final é com relação ao arroz. A queda de 13,8% no preço pago ao agricultor entre janeiro e março deste ano não chegou a ser repassada ao comprador, que nesse mesmo período viu o valor do produto aumentar 5,4%. Por isso, também deve subir mais o custo para colocar o produto na panela. De março de 2009 até o mês passado, a elevação de preços na ponta final foi de 6,45%.
Segundo o coordenador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) no Estado, Márcio Mendes da Silva, há explicação para a disparidade no movimento de alta e de baixa para o agricultor e para os consumidores. São os estoques de produto que ajudam a determinar o preço nas prateleiras.
- Se o estoque for grande, mesmo que para o produtor o preço esteja em elevação, é preciso vender mais, por isso o preço cai para o consumidor - explica Mendes da Silva.
Conforme Marco Aurélio Tavares, assessor de mercado do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), a oscilação das cotações precisa ser muito intensa para afetar o bolso dos consumidores.
- O mercado suportaria elevações de preços acima de R$ 30 para o produtor sem necessidade de repassar reajuste ao consumidor - afirma Tavares.
No caso do feijão, o quadro é um pouco diferente. Ainda que com uma pequena alta, de 0,5% entre janeiro e março de 2010, o valor do produto nos supermercados está 34,59% abaixo do registrado em março de 2009.
A recuperação da lavoura, com um grão de melhor qualidade, aliada a uma redução na oferta da safrinha (segunda safra), traz a estimativa de uma valorização do produto daqui para frente. Para o agricultor e para o consumidor. O valor de comercialização do feijão no Sudeste do país também deve influenciar os preços no Sul.
- Esse movimento de lá deve forçar os preços aqui. É uma referência, já que a tendência é de o mercado manter equilíbrio de preços - afirma Elcio Bento, analista da Safras & Mercado.
Para o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, entretanto, não há perspectiva de alta para os preços do arroz e do feijão, que tendem a permanecer estáveis.