Arroz - Preços reagem em abril com indústria, produtores e varejo buscando uma referência
Data:
12/04/2010
Elevação dos preços em pleno pico de safra se opõe à tendência natural, mas tem explicações, como a retenção do produto da safra antiga pelo arrozeiro, a indústria buscando posições, a colheita entrando no grão plantado com atraso e uma busca por referência de preços tanto entre produtores e indústria quanto desta em relação ao varejo.
Depois de registrar uma queda de 7,67% em março, e estabilidade nos últimos 15 dias, os preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul voltaram a subir. Já faziam mais de dois meses, desde o pico da entressafra, que o cereal não alcançava trajetória de alta. A curva ascendente subverte a tendência natural de queda nas cotações durante o pico de safra e a queda dos preços internacionais no momento, mas há razões plausíveis para essa tendência ser verificada.
Com a expectativa de uma safra menor em pelo menos um milhão de toneladas em razão do clima e o fato do Rio Grande do Sul estar colhendo as áreas que foram replantadas fora de época, há uma tendência de perda de qualidade no arroz que está chegando aos silos. Em diversos pólos industriais do RS, no início da colheita os estoques estavam muito ajustados. Uma posição de “segurar” produto da safra velha que havia em casa e repassar apenas arroz novo, que exige mais cuidados, secagem e tempo de silo, mais as tabelas rígidas das indústrias de Pelotas e Camaquã, fez com que o produtor restringisse a oferta. A expectativa de liberação de contratos de opções do governo federal, para equalizar preços, e também de evolução nas cotações para o segundo semestre, são fatores que ajudaram a trancar as vendas do casca.
De uma maneira geral, o produtor está evitando repassar o produto à indústria, exceto por necessidade de armazenagem. Na Depressão Central é comum encontrar galpões com arroz ensacado da safra velha, sistema que permitiu a abertura de espaço em armazéns de até 10 mil sacas. Com baixos estoques e buscando fazer posição com estoques do arroz de melhor qualidade, em tese já colhido, as indústrias terminaram o mês de março demandando lotes de maiores proporções e de arroz da safra anterior, principalmente na Zona Sul e Fronteira. Abril iniciou com a indústria ávida pelo produto, aceitando negociar lotes menores e arroz da safra nova, produto oferecido em baixa escala pelos agricultores gaúchos. Ao mesmo tempo, a indústria age no Mercosul importando produto, principalmente do Uruguai, a preços competitivos.
Ao mesmo tempo em que busca grão para seus estoques de curto prazo, a indústria gaúcha busca marcar posição de preços junto ao atacado e o varejo nacional. Estes, pela coerência (e conveniência) de oferta na safra, “apertam” os preços. A argumentação da indústria de preços mais altos em pleno pico da safra, perdas na colheita e da qualidade do terço final da produção gaúcha, faz efeito ainda muito tímido, o que demonstra uma forte queda nas cotações do fardo e da saca de arroz beneficiado no Brasil nas duas últimas semanas. A tendência de curto prazo, segundo os analistas de mercado, é da alta manter-se gradual, enquanto uma referência de preços é buscada.
PREÇOS
Diante desse cenário, os preços do arroz chegaram a R$ 27,52 na última sexta-feira (09/04), acumulando alta de 2%, segundo o indicador Cepea/Esalq – Bolsa de Mercadorias. A saca de 50 quilos, em casca (58x10), foi cotada a US$ 15,52, na equivalência. A média semanal, segundo o mesmo indicador, foi de R$ 27,04, com alta de 1,37%. Em dólar, a média alcançou US$ 15,49.
No mercado livre gaúcho, os preços variam de R$ 27,50 a R$ 28,50 na maior parte das praças, com demanda superior à oferta. Alguns corretores já recomendam venda de pequenos lotes (2,5% a 8% da produção) aqueles produtores que buscam fazer média na comercialização e tiveram custo de produção inferior a R$ 25,00. Nesse momento, é considerado estratégico que o mercado se mantenha ligeiramente aquecido, tirando a pressão de oferta do final do mecanismo de opção que o governo federal poderá anunciar ainda em abril.
MERCADO
Corretora Mercado, de Porto Alegre (RS) indica no mercado livre gaúcho a saca de arroz em casca de 50 quilos cotada a R$ 27,80. O beneficiado, em sacas de 60 quilos (tipo 1) alcançou R$ 54,00. Entre os derivados, queda: o canjicão é cotado a R$ 26,00, a quirera a R$ 20,00 e a tonelada de farelo de arroz vale R$ 240,00.