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Soja - Avanço da soja remolda extremo nordeste do Rio Grande do Sul
Data: 26/04/2010
 
Agricultores gaúchos buscam regiões do Estado para a plantação de soja

Caio Cigana

Apesar do nome de pedra preciosa, na pequena Esmeralda, preciosa e verde é a soja. À espera do final da colheita, o grão nesta época dá um tom de ouro à região, mais conhecida pelo frio intenso no inverno, pela produção de maçã e pecuária intensiva.

Foi para a sossegada cidade dos Campos de Cima da Serra e municípios vizinhos que agricultores de outros cantos do Estado começaram a migrar em busca de terra para lançar sementes de soja – já predominante em outros rincões gaúchos.

Com a intensificação da chegada de forasteiros de duas décadas para cá, as fazendas do extremo nordeste do Rio Grande do Sul se transformaram em granjas. O gado que engordava lentamente no pasto nativo da altitude deu lugar à riqueza semeada pela lavoura de soja. Os grãos oriundos dos Campos de Cima da Serra vão ajudar o Estado a colher neste pelo menos 9,34 milhões de toneladas. Apesar da safra histórica, o preço baixo da saca, R$ 33,06 (valor médio), preocupa os produtores.

Guardadas as devidas proporções, a movimentação que transformou a região em um novo celeiro no Estado pode ser comparada à invasão de gaúchos no Centro-Oeste em décadas passadas em busca de áreas mais extensas e baratas.

A mudança na paisagem na região foi empreendida por personagens como Valmir Minotto, 53 anos. A chegada nesse rincão gelado ele lembra bem. Em outubro de 1988, comprou a primeira área em Vacaria e deixou Sananduva, onde dividia 200 hectares com dois irmãos e chegou a lavrar a terra a tração animal.

Pouco mais de duas décadas depois, Minotto é dono de 2,3 mil hectares em Vacaria, Lagoa Vermelha e Esmeralda e não demonstra arrependimento por ter desistido do plano original de desbravar o cerrado de Mato Grosso.

– Quando cheguei, a terra era muito barata, 40 sacas de soja por hectare. Hoje, chega a até 600 sacas. Onde comprei a primeira área, não tinha lavoura em um raio de 20 quilômetros. Meu sonho era colher mil sacas. Hoje, colho isso em duas horas e meia. A soja me deu tudo – diz Minotto.

Casado com a estudante de agronomia Fabiane Borsoi, 27 anos, Minotto não faz qualquer rodeio para enumerar as conquistas atribuídas à lavoura, como presentear os dois filhos com colheitadeiras e mandar o mais velho, Volmar, 22 anos, para um intercâmbio nos EUA, onde estudou tecnologia agrícola.

Maior produtividade média no Estado, deve alcançar 2,75 mil quilos por hectare. O segredo do rendimento está na chuva melhor distribuída e na adaptação às condições de clima e solo.

– No começo, achavam difícil por causa do frio. Mas logo desenvolveram cultivares de ciclo curto para escapar das geadas – diz Carlos Alberto Pucci, responsável pelo Departamento Técnico da Cooperativa Tritícola Mista Vacariense, de Vacaria.


Fonte: Zero Hora
 
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