Soja - Alta do preço da soja acelera índices de inflação em abril
Data:
07/05/2010
Mudança na trajetória de preço da soja de março para abril, que saiu de uma queda de 5,93% para um avanço de 0,48%, foi a principal contribuição para a inflação mais intensa no setor atacadista e para a taxa maior do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), no período (de 0,63% para 0,72%). O produto é o item agropecuário de maior peso no cálculo da inflação atacadista, que saltou de 0,52% para 0,68% no mesmo período.
O coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, comentou que a safra do item já foi colhida, o que diminui as expectativas de oferta. “O preço da soja já registrava queda mesmo antes da colheita, isso porque as perspectivas de safra foram muito positivas, o que elevou no início do ano as perspectivas de oferta e puxou para baixo os preços”, explicou. “Sozinha, ela foi mais importante para a aceleração da inflação no atacado do que os preços de materiais para manufatura, que também contribuíram para a taxa maior do IGP-DI”, acrescentou.
A inflação mais intensa no setor industrial atacadista também ajudou a impulsionar a aceleração a taxa do IGP-DI. Segundo Quadros, a recente recuperação na demanda no mercado internacional, no cenário pós-crise, tem elevado os preços das commodities industriais no exterior e no mercado doméstico brasileiro. “Não podemos dizer que as elevações de preços no setor industrial estão espalhadas. Mas podemos dizer que elas são persistentes”, afirmou o especialista.
De março para abril, a taxa de variação de preços industriais no setor atacadista saiu de uma queda de 0,05% para uma elevação de 0,42% no período. O fornecimento de insumos para indústria, representado pelo segmento de materiais para manufatura mostrou aceleração em sua taxa de elevação de preços, de 0,08% para 1,05%, de março para abril.
Entre os exemplos citados pelo economista estão as taxas de inflação mais elevadas em celulose (de 0,19% para 3,85%); resinas e elastômeros (2,14% para 2,61%); metalurgia básica (de 1,0% para 3,77%); produtos siderúrgicos (de 0,32% para 2,27%); metais não ferrosos (de 0,61% para 1,17%).
Para ele, hoje, não há certeza se esse fenômeno, de elevação de preços dos produtos industriais, continuará nos próximos meses. Isso porque a recente crise econômica na Grécia, bem como o risco de contágio para outros países na Europa, pode interromper a trajetória de recuperação na demanda internacional.