Clima - Especialistas fazem análise climática para os próximos meses
Data:
13/05/2010
A temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial continuam levemente acima da média. Porém, observa-se uma gradativa diminuição da temperatura destas águas ao longo dos últimos meses, num processo continuo de enfraquecimento do “El Niño”. A avaliação é do meteorologista Luiz Renato Lazinski, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Ele explica que este enfraquecimento pode ser observado no padrão das precipitações, que vem mudando desde março do corrente ano. Isto porque está ocorrendo uma transição de um regime de chuvas abundantes e bem distribuídas, ocorridas na última safra de verão, para precipitações mais irregulares e com intervalos mais longos entre uma chuva e outra, como ocorrido ao longo de abril deste ano. “Algumas áreas do Sul do Brasil apresentaram mais de vinte dias sem chuva”, observa.
Segundo Lazinski, as chuvas observadas durante a última semana do mês de abril ocorreram em momento oportuno. Em algumas regiões do Sul do Brasil, o déficit hídrico já começava a comprometer o bom desenvolvimento de algumas lavouras, principalmente as lavouras de milho safrinha do Paraná e Mato Grosso do Sul. Além disto, estas chuvas favoreceram também o plantio do trigo ficando, porém, restritas a região Sul e ao sul das regiões Sudeste e Centro-oeste do Brasil.
Os prognósticos climáticos de mais longo prazo continuam mostrando um declínio gradativo do “El Niño”. “A tendência é de uma situação de neutralidade climática no primeiro semestre deste ano e, a partir do segundo semestre, a volta do fenômeno climático “La Niña” ”, frisa o meteorologista. Com esta tendência, devem ser observadas precipitações levemente abaixo da média para os próximos meses. Além disto, pode ocorrer uma distribuição mais irregular, com alguns períodos de estiagem, mas que não devem comprometer o desenvolvimento das lavouras de inverno. Contudo, podem comprometer o bom desenvolvimento das lavouras de segunda safra, principalmente de milho safrinha. De acordo com ele, a possibilidade de volta do fenômeno “La Niña”, poderá ocasionar períodos de muita chuva intercalados com períodos de estiagem mais prolongados. “As temperaturas ficaram entre a média e levemente abaixo da média, ao longo do mês de abril, no Centro-sul do Brasil. Para os meses de maio e junho, continuam os prognósticos de temperaturas abaixo da média, com possibilidade da chegada de massas de ar mais intensas, que devem provocar quedas acentuadas de temperatura”, ressalta Renato Lazinski.
No cenário agrícola, os riscos são maiores para a cultura do milho safrinha, destaca o coordenador da área de grãos da Emater do Paraná, Nelson Harger. “Existe a possibilidade de frios mais intensos já para o mês de maio, podendo comprometer o bom potencial produtivo da cultura, que na sua maioria, está na fase de florescimento e enchimento inicial de grãos”. Quanto ao trigo, lembra, as últimas chuvas foram importantes para o plantio da cultura e as tendências climáticas para maio, a princípio, não comprometem e seu desenvolvimento (germinação, perfilhamento e elongação).