Estado ainda não registrou foco do fungo em lavouras comerciaisA ferrugem asiática, que ataca lavouras de soja e provoca perdas de produção todos os anos, tem na estiagem um inimigo para seu desenvolvimento. Na safra passada, foram identificados 137 focos da doença em território gaúcho. Somadas as últimas duas safras (2006/2007 e 2007/2008), a doença já causou prejuízos de R$ 1,5 bilhão ao Estado. Até terça-feira, não havia sido detectado foco da doença em lavouras gaúchas. Os registros somam 44 focos em sete Estados – Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Maranhão, Minas Gerais e Rondônia. Os custos calculados pela Embrapa Trigo, de Passo Fundo, no norte do Estado, englobam os gastos com fungicidas e com a perda de grãos. De acordo com a pesquisadora responsável pelo estudo, Leila Costamilan, o problema veio para ficar. – Claro que este clima seco inibe a proliferaçao da doença, mas mesmo assim tem de se ter atenção – diz. Isso ocorre porque o fungo causador da ferrugem necessita de água para se desenvolver. Sem essa umidade, o agricultor sofre menos com o problema que ataca as lavouras principalmente nos meses de janeiro e fevereiro – na fase de florecimento da planta e na de enchimento dos grãos. O agricultor e agrônomo Alex Inocente, 30 anos, de Coxilha, no norte do Estado, destaca que a ferrugem assombra todos plantadores de soja com os quais trabalha. E, para combate-la, uma das medidas mais eficazes é a aplicação de produtos químicos para evitar o ataque do fungo. – É como uma ação preventiva. A gente tem de fazer para evitar alguma possibilidade de perda na lavoura – conta Inocente. Inocente, assim como outros produtores de soja gaúchos, está de olho numa novidade tecnológica que promete trazer mais tranquilidade para o campo. Nos laboratórios da Embrapa Soja, de Londrina, no Paraná, está em teste avançado uma cultura mais resistente ao fungo que provoca a doença e poderá ser colocada no mercado gaúcho até 2011. –Temos variedades específicas para determinadas regiões do país. Na região do Cerrado (MG, GO, MT, MS), ela já passou pelo teste final e está sendo testada no campo. Aqui no Sul, precisa de mais dois anos de análise – revela o pesquisador Carlos Alberto Arias, da Embrapa Soja. A obtenção dessa variedade, que é convencional, se deu a partir do cruzamento de plantas. O pesquisador salienta que apesar de mais resistente, a variedade ainda necessitará de pelo menos uma aplicação de fungicida para impedir o aparecimento da ferrugem asiática em sua lavoura.