Trigo - Moinhos querem facilitar as importações de trigo
Data:
11/02/2009
A indústria do trigo adverte que, apesar da boa safra nacional do grão em 2008, com 5,5 milhões de toneladas, o País poderá ter sérios problemas de abastecimento. O presidente do Sindicato dos Moinhos de Trigo do Centro-Oeste (Sindtrigo), André Lavor, lembra que o consumo nacional do grão é de 11 milhões de toneladas e, portanto, o País precisará importar pelo menos mais 6 milhões de toneladas. Segundo o dirigente do Sindtrigo não chega a ser novidade que o País tenha de importar a maior parte do trigo que consome. A diferença esse ano são as dificuldade para encontrar um fornecedor adequado. A Argentina, explica, é o mais tradicional supridor de trigo ao Brasil, mas esse ano o vizinho registrou grave quebra de safra e está com as exportações suspensas para preservar o abastecimento interno.
Alternativas Segundo André Lavor, na ausência do trigo argentino, o Brasil terá forçosamente de recorrer a importações do grão do Canadá, Estados Unidos ou Rússia. Ele argumenta, entretanto, que para isso o governo federal terá que adotar medidas que facilitem a entrada do produto estrangeiro, sob pena "de um brutal encarecimento da panificação no País". Entre as medidas necessárias ao barateamento das importações de trigo, o presidente do Sindtrigo cita a suspensão da Taxa de Exportação Comum (TEC) vigente no Mercosul; a suspensão da contribuição para o Fundo de Marinha Mercante, que é de 25% do valor do frete; a suspensão do próprio imposto de importação do trigo, que é de 10%; e a manutenção da isenção do PIS/Cofins.
Aumentos Para o dirigente do Sindtrigo, sem essas medidas mitigadoras dos custos, o preço da farinha de trigo no mercado interno poderá sofrer um reajuste de até 30%. "Isso sem falar do aumento de 10% ja registrado nos últimos 30 dias e de outros 10% previstos para o próximo mês", diz o presidente do sindicato. Quanto aos preços do grãos no mercado interno, André Lavor diz que subiram 25% no último mês, passando de R$ 480,00 a tonelada para R$ 600,00 no Paraná e Rio Grande do Sul. "Em Goiás o trigo saltou de R$ 480,00 para R$ 570,00 a toneladas, mas não há negócio. "O produtor está segurando o produto à espera de uma cotação pelo menos próxima de R$ 650,00, o que deve acontecer até o final de março", diz
Pão André Lavor diz acreditar que a indústria de panificação não repassará para os preços ao consumidor o último reajuste nem o previsto para o próximo mês. "A farinha de trigo caiu cerca de 20% no final do ano e os preços do produtos da panificação não caíram, existindo portanto uma margem para a absorção desses aumentos", diz André Lavor. Ele adverte, entretanto, que se não for viabilizada a importação a preço adequado, um forte impacto nos derivados do trigo será inevitável. "Ainda que o governo argentino venha a liberar as exportações, a verdade é que o País só conta com um excedente de 2 milhões de toneladas, o que nos obrigaria, de qualquer forma, buscar novos mercados fornecedores", diz o presidente do Sindtrigo. Segundo André Lavor, na safra passada Goiás e Distrito Federal produziram juntos cerca de 100 mil toneladas de trigo, o que representa apenas três meses de consumo da região. "De qualquer forma, recuperamos voltamos ao maior nível de produção da triticultura no Estado", diz o presidente do Sindtrigo. Segundo ele, este ano o Estado deve manter a produção do grão inalterada, devido à forte concorrência do feijão, cujos preços são bastante atrativos no momento.