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Registro - Chávez impõe cotas para produção de alimentos
Data: 04/03/2009
 
Medida atinge gêneros que têm preços tabelados
Sob a ameaça de uma nova crise de desabastecimento e de mais inflação na Venezuela, o governo do presidente Hugo Chávez impôs ontem cotas de produção às fábricas que manufaturam alimentos com preços congelados.
A medida inclui 12 produtos, entre os quais o arroz, setor que está sob intervenção militar desde sábado. As porcentagens variam de 70%, para o macarrão, a 95%, casos do molho de tomate, açúcar, queijo, café e óleo comestível. As cotas também incluem o leite em pó e pasteurizado, a margarina, a maionese e a farinha de milho.
O objetivo do governo é evitar que as fábricas produzam variedades que escapem do controle de preços. No caso do arroz, por exemplo, empresas privadas produziam sobretudo versões não tabeladas, como o integral -só o arroz branco, cada vez mais raro nos supermercados, tem preço congelado.
A resolução também obriga o comércio a vender os produtos na mesma proporção -95% do queijo num supermercado deve ser das variedades submetidas ao controle de preços.
No caso de empresas que produzem exclusivamente variedades fora do tabelamento -como leite achocolatado-, será necessário obter uma permissão especial do governo para continuar produzindo.
"Nenhuma empresa pode estar acima do bem-estar de milhões de venezuelanos apenas pelo interesse capitalista", disse o superintendente nacional de silos, Carlos Osorio.
A medida foi recebida com críticas pelo setor empresarial, segundo o qual o controle de preços não é reajustado conforme a inflação venezuelana, a mais alta da América Latina. Só em 2008, o preço dos alimentos subiu 47%, em média.
"É uma política comunista, que busca controlar todos os meios de produção", disse à Folha Eduardo Gómez, presidente da Confederação Venezuelana de Industriais. Segundo ele, nenhum dos produtos com preços congelados é viável economicamente.
"As empresas não suportarão vender produtos a preços congelados com uma inflação que deve chegar a 45% neste ano", diz Gómez. "O governo está levando o país a uma grande crise no setor produtivo."

Reforma ministerial
Chávez promoveu ontem uma reforma em seu gabinete, novamente nomeando só colaboradores de longa data. Seis ministros foram substituídos, inclusive o da Defesa, cuja função será acumulada pelo vice-presidente, Ramón Carrizales.
Dois ministérios desapareceram e outros ganharam novas atribuições e nomes -como a pasta de Economia Popular, que passa a se chamar Ministério do Poder Popular para as Comunas.

Fonte: Folha de São Paulo
 
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