Safra - Economistas alertam para cautela e capitalização para a próxima safra em MT
Data:
17/04/2009
Os economistas Paulo Rabello de Castro e Guilherme Dias emitiram entendimento com consenso sobre o cenário para a próxima safra: é preciso cautela na gestão dos custos nas propriedades rurais e capitalização do setor agropecuário para que o produtor não feche as contas no vermelho. Os dois ministraram palestra durante o lançamento do Circuito Aprosoja, evento que tem como objetivo oferecer aos sojicultores informações sobre o mercado, rentabilidade, custo de produção e gestão com o objetivo de auxiliar o produtor a planejar a próxima safra. O circuito será realizado de 22 de abril a 7 de maio em 17 municípios que tem a soja como cultura principal. Na palestra sobre “O Mercado e a Crise Financeira Mundial” Rabello traçou um panorama sobre a crise financeira que se originou de uma crise bancária que atingiu não só os Estados Unidos, mas a Europa e também já impactou a Ásia e todos os países com excesso de alavancagem dos ativos no mercado financeiro mundial. O doutor em economia pela Universidade de Chicago alertou que o ápice da crise deverá ocorrer em 2010. “No Brasil, para a engrenagem econômica continuar girando é necessário algumas medidas como o alinhamento das taxas de juros, a adequação dessas taxas aos riscos internacionais do país, a reforma financeira de grande impacto, outra no custo Brasil e também pequenas revoluções estruturais, como as revoluções digital e fundiária”. Paulo Rabello também vê com bons olhos o fato dos produtores rurais migrarem do sistema de pessoa física para pessoa jurídica, principalmente para que o governo brasileiro enxergue que o setor vem passando por dificuldades de saúde financeira. O assunto, aliás, foi tema da palestra do economista e consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Guilherme Dias, que apresentou propostas para uma nova política agrícola do Brasil e entre elas está o Simples Rural. “A primeira condição para essa ‘pejotação’ (transformação dos produtores de pessoa física para jurídica) é o governo reduzir os impostos. Só depois disso será possível alcançar a transparência fiscal agrícola. Esta será uma forma de se ter acesso mais rápido e mais amplo ao mercado de capital e ao crédito bancário”. Porém, Dias reforça que a proposta está em fase de discussão e que primeiro será necessário um período de transição nas safras 2009/2010 e 2010/2011. “Em Mato Grosso, por exemplo, existe um histórico de dívidas, por isso é crucial que se faça com urgência a renegociação das dívidas rurais para quem aderir ao novo sistema de crédito rural”. Em curto prazo, o consultor da CNA propõe que o frete da produção agrícola seja subsidiado. “Isso deve valer já para a safra 2009/2010”. O presidente da Aprosoja, Glauber Silveira, reforçou que para o setor ser capitalizado é preciso que o governo ofereça mecanismos que gerem receita. “A mensagem é de frear os investimentos, como aquisição de máquinas ou ampliação das áreas de cultivo, principalmente neste cenário em que o que reinará é a escassez de crédito. Para agravar, o governo não fez investimentos em prol da agropecuária na mesma velocidade em que os produtores investiram em suas propriedades. Investir em infraestrutura é a grande emergência e não deve só estar na pauta do governo, mas sair de fato do papel”.